06 agosto 2006

Triste Ilhéusu


Se alguém estranhou a palavra no título (Ilhéusu), é assim que o prefeito da cidade, Valderico Reis, a chama, em sua maneira truncada de falar. Já o adjetivo "triste" não carece de justificativas, pois é auto-explicativo.
Ilhéus está triste porque depositou esperanças em um governo que decepciona a cada ação. Infeliz por ser uma cidade de tanta potencialidade e mil possibilidades, todas frustradas e aí - para fazer justiça - não só pelo governo, mas por uma sociedade que enxerga mal.
Uma amiga baiana, que vive na Suíça há 15 anos, veio a Ilhéus a passeio e se assustou. A todo momento perguntava como pode uma cidade tão bonita ser tão maltratada, suja, desprezada? Eu tentava explicar, como se houvesse razões simples para tamanho desleixo.
Concordamos, sem bairrismo ou falsa modéstia, que Ilhéus é muito mais bela que Itacaré e Porto Seguro. Então, por que esses lugares são hoje muito mais procurados pelos turistas? Lamentamos a falta de linhas aéreas, a ausência de atividades, a pobreza das estratégias de divulgação da terra de Jorge Amado.
Filosofamos sobre o passado agrícola monocultor, as dificuldades de adaptação das engrenagens econômicas a novos mecanismos de desenvolvimento e por aí vai. De todo modo, a conversa não elimina a sensação de que somente algo sobrenatural possa explicar o nosso dilema.
A amiga volta pra Suíça na próxima semana, ainda encantada com as belezas naturais de Ilhéus. E brinca, dizendo que vai contar aos conhecidos na Europa que sua cidade é muito bonita, mas tem uma tal de Ilhéusu que precisa de mais atenção. Chega de ser uma pobre cidade rica, chega de passarmos aos de fora uma imagem que só se define em uma palavra: incompetência.

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