27 novembro 2007

"Eleição para reitor da Uesc"

Agenor Gasparetto


"Jornais, neste final de semana, bateram forte em Joaquim e suas supostas viagens de turismo, com direito a acompanhante, mundo a fora. Afora o constrangimento, o alcance desse tipo de denúncia, exclusivamente em tempos eleitorais, é discutível. Aparentemente, tem pouca influência, pelo menos entre os que já decidiram. Isto porque na Uesc, como na rua, não mudam muito as razões para se escolher alguém. Parece confirmar que ela faz parte realmente da sociedade englobante.

O que quero ressaltar, aproveitando esse fato, é o papel e a necessidade de viagens nesse tempo que também poderia ser chamado de tempo das comunicações, destacando-se a Internet e o onipresente celular, afora os meios tradicionais que já na década de 1960 permitiram a Marshall Mac Luhan intuir que somos uma “aldeia global”. Desde então, os avanços superaram quaisquer previsões.

Audiências de presos, em nome da segurança e da conta a ser paga pela sociedade, passam a ser realizados via teleconferência. Da perspectiva da conexão comunicativa, a metáfora da “aldeia global” nunca reuniu tão boas condições quanto agora. No entanto, as viagens não diminuíram. Ao contrário. Obviamente, estou falando de viagens e diárias pagas pelo contribuinte. As pagas por conta própria, continuam fora desta discussão.

Sendo assim, porque se viaja tanto e, parece, cada vez mais? Pedro Demo, próximo da virada de século, em palestra realizada na própria Uesc, em contexto semelhante, usou uma expressão que desde então não cessou de me fustigar a mente: turismo acadêmico. Afinal, o que realmente é necessário e o que, bem contado, não passa de variante de turismo acadêmico nas viagens que acontecem em nome das instituições universitárias? Pensemos um pouco no poder magnífico dos recursos da comunicação que hoje dispomos. Talvez seja desnecessário pensar em quem está pagando essa conta.

Por fim, já é quase folclórico o expediente usado por prefeitos e vereadores em condições de mando: viajar e converter as diárias em uma complementação ou suplementação dos ganhos. Não tardará muito para a sociedade passar a cobrar o retorno ao município dessa conta. A transparência ainda pode operar maravilhas nesse país."

Agenor Gasparetto é sociólogo e professor da Uesc.
O artigo foi extraído do blog de Gasparetto

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