23 novembro 2007

O PT e o Conselho Político

Marco Wense

Falem o que quiser do governador Jaques Wagner, mas não diga que o chefe do Executivo estadual é autoritário, centralizador e mandão, um inimigo da democracia e do diálogo.

Como ministro das Relações Institucionais do governo Lula, Wagner demonstrou toda sua capacidade de lidar com o contraditório. É bom lembrar que o governador passou incólume pelo escândalo do mensalão.

A formação do Conselho Político, com a participação de 15 agremiações partidárias – PT, PMDB, PC do B, PTB, PP, PR, PPS, PSDB, PSB, PDT, PV, PSC, PRTB, PMN e PSC – é a prova inconteste da boa vontade e do respeito do governador pelos partidos políticos.

Antes, era o chicote e a subserviência. Hoje, a civilidade e o entendimento. O medo das lapadas não existe mais. O manda quem pode, obedece quem tem juízo, é coisa do passado.

Os democratas (DEM), ex-pefelistas, não são tratados como leprosos e ferrenhos inimigos. São adversários políticos que têm todo o direito de fazer oposição e desfrutar do Estado democrático de direito.

A precípua finalidade do Conselho é evitar que as divergências entre os partidos aliados, principalmente entre o PT e o PMDB, possam criar seqüelas incuráveis em decorrência do processo sucessório municipal.

Não vai ser fácil. O governador sabe que a missão é difícil, especificamente quando dois ou mais pré-candidatos (da mesma base de apoio ao governo) pretendem disputar o comando do Centro Administrativo das prefeituras.

O Conselho vai atuar no sentido de apaziguar os interesses, as conveniências políticas e, até mesmo, as vaidades – muitas vezes doentia – de algumas lideranças políticas que se acham intocáveis.

Ainda bem que temos um governador que entende que esse é o melhor caminho. Aliás, infinitamente melhor do que as chicotadas, a humilhação, o puxão de orelha e o murro na mesa.

Cabe ao PT, partido de Jaques Wagner, a compreensão de que a vitória do petista, logo no primeiro turno, defenestrando 16 anos de carlismo, é fruto de uma junção de forças políticas. Não é uma exclusividade do petismo.

Portanto, o Partido dos Trabalhadores vai ter que ceder alguns espaços onde pré-candidatos da base aliada estão em posição mais confortável no sentido de derrotar os adversários comuns: os prefeituráveis do DEM.

Uma outra imprescindível contribuição do PT, como se fosse um dever de casa, é evitar, na medida do possível, esse confronto PT versus PT, principalmente quando a lógica aponta que um determinado pré-candidato é a melhor opção do partido.

Até as freiras do Convento das Carmelitas sabem, por exemplo, que o médico Ruy Carvalho é o melhor nome do PT de Ilhéus para a sucessão de Newton Lima. Além de ser o preferido do governador Jaques Wagner, é o que cria menos atrito com outros partidos da base, como o PC do B e o PMDB.

Na edição do Diário do Sul do mês de julho do corrente ano, mas precisamente dia 9, fiz o seguinte comentário: “O vereador Alisson Mendonça, presidente do Legislativo da vizinha e irmã cidade de Ilhéus, se esforça para ser o candidato do PT na sucessão do prefeito Valderico Reis. Mas não adianta. É perda de tempo. A cara do PT é Ruy Carvalho. E o PT sabe disso”.

O PT é peça indispensável no democrático Conselho Político. Sua atuação é importante para a manutenção da governabilidade do governo Jaques Wagner. O PT radical, intransigente, que só quer o venha nós, que não cumpre os acordos, é “persona non grata”.

Marco Wense é articulista político

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo perfeito Marco Wense, a não ser que você esqueceu de mencionar um Partido (O PRB-PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO), que apesar de ser pequeno em termos de sigla não nos esqueçamos que a nível de votos (e válidos, e nas urnas), é o maior partido a nìvel nacional... Com certeza, e pena que você não tem essa ótica, é por isso que o mesmo faz parte não só da base aliada do Governo Lula, como também do Conselho Político desta mesma base aliada.