03 dezembro 2007

Desprevenida

Karol Vital


Vira e mexe, na capa de revistas ou sites especializados em celebridades, aparece alguma famosa clicada sem calcinha. Desde artistas internacionais, como a “surtada” Britney Spears até as brasileiras, como Juliana Paes. As fotos das famosas sempre com alguma tarja ou balãozinho cobrindo as partes pudendas logo viram anexos de e-mails.

Lembro da primeira vez que ouvi falar de uma artista que não usava calcinha: Monique Evans. Isso foi nos saudosos anos 1980, quando a sexualidade (disfarçada de sensualidade) era exibida como exotismo brasileiro. Pensei: “que porca descarada”. Na minha mentalidade infantil, o uso da calcinha era mais que uma peça de roupa, era uma prova de dignidade.

Com o passar do tempo, fui percebendo que não usar calcinha era mais comum do que eu imaginava. Algumas famosas declaravam abertamente que nem sempre usavam a peça. Até mesmo namorada de presidente apareceu com “tudo de fora”, num camarote de carnaval. “Marca a roupa”, dizem umas. “Excita os homens”, contam outras.

Ao falar de alguma mulher que foi flagrada sem calcinha, geralmente as pessoas (principalmente do sexo masculino) imaginam alguma boazuda. Porém, a verdadeira protagonista da história nem sempre possui tais atributos físicos. E a visão do flagrante também pode não ser uma das melhores para se ter na vida.

Minha avó tinha uma amiga, que adorava ir bater papo com ela. A senhora usava sempre saias compridas, sentava-se comportadamente na poltrona da sala e, nas suas conversas, trazia o boletim da vida alheia. Todo mundo sabia que ela não usava calçola. Segundo a própria, peça incomodava, pois esquentava onde não devia.

Certo dia, a “tia descalçolada” chegou na casa da minha avó, toda sem jeito, andando torto, com os cotovelos arranhados.

- O que foi isso? – perguntou minha avó.

- Miúda, nem te conto o que aconteceu comigo! – respondeu a senhora, introduzindo o assunto.

A mulher terminou de chegar, sentou-se na poltrona, como de costume, limpou os braços e revelou o que havia acontecido com ela:

- Eu estava descendo a ladeira, pisei em falso e escorreguei. Quando estava no meio da queda, lembrei que estava desprevenida! – completou a mulher.

Minha avó caiu na risada. Dava para ver cada dente que faltava em sua boca de tão larga que era a gargalhada. E, em meio a lágrimas e soluços, perguntou:

- Sim, e que jeito você deu?

- Ah, antes de cair no chão, ainda no ar, joguei pro alto o que tinha na mão e coloquei a saia no meio das pernas! – explicou a abolicionista de calçolas.

Ao ouvir a história, imaginei a cena ao estilo do filme Matrix: A velha caindo, parando no ar, desfazendo-se do que ocupava suas mãos para cobrir suas vergonhas. Então, não agüentei e acompanhei minha avó na risada. E, recompondo-me pensei: “Eis o preço da tal liberdade”.

Karol Vital é formada em comunicação social pela Uesc.

7 comentários:

Bel disse...

Ai ai ai... ainda bem que foi caso contado, e não visto "ao vivo"! Devia ser a visão do inferno!!! kkkkkkkkkk

Beijo, amiga!

Anônimo disse...

Karol vê se troca essa foto sua e coloca uma mais atualizada.

Anônimo disse...

Zelão Analisa:

Prezada menina Carol. Se não fosse pela sua inteligência ao narrar os fatos, diria eu, que estariam mais para a discrição de um "quadro dantesco" (parte do inferno de Dante), mostrado fora da moldura.
Ocê com sua verbe, conseguiu dar ao "mesmo" pinceladas coloridas e cheias de graça e humor.
Faço parte do clube dos cafajestes que idolatram a "dita cuja", menos pelo seu aspecto anotômico, e mais, pelos segredos que contém. Por isso, desarvegonhadamente afirmo, que aplaudo as "gurias" que corajosamente "põe a mercadoria na vitrina", ao tempo que abomino as véias, que despudoradamente expõem no "balção da almas" o seu encalhe.

Anônimo disse...

Karol,
você mais uma vez conseguiu contar os fatos hilários da vida, de um jeito engraçado que só vc...eu te imaginei contando. Menina, você nasceu pra isso...q coisa!
Quantas vezes eu vou ter q te falar isso? kkk
Parabéns, fia, mais uma vez!!!
Sou sua fã de carteirinha! bjocas.

Unknown disse...

Mulher sem calcinha:Vulgaridade,exibicionismo ou exitação?Eis a questão...
Pra mim isso é uma vulgaridade, pois exitação é outra coisa...Além do mais chega ser anti-higiênico ....Cruz Credo!!!

Anônimo disse...

Pra mim mulher sem calcinha è:Vulgaridade, exibicionismo e sem esquecer q é anti-higiênico...
Cruz Credo!!!

Anônimo disse...

Como sempre, Karol surpreende. Quase pude ver a tal senhora desprevenida...
Você é muito talentosa!
Beijão