04 dezembro 2007

Dois coelhos, de uma só cajadada

Gerson Menezes

publixcriativo@hotmail.com

O resultado do plebiscito na Venezuela, onde o povo disse “NO” as pretensões do ditadorzinho Hugo Chavéz, foi uma ducha fria lá e aqui no Brasil.

Ao defender como democráticas as pretensões do seu colega populista, o presidente Lula aguardava a vitória de Chavéz na Venezuela, para dar sinal verde ao PT para propor as alterações na Constituição. E permitir a ele almejar a um terceiro mandato.

Lula e os seus seguidores sabem que, alicerçados com o discurso de que a “democracia estaria preservada aqui como lá na Venezuela”, seria fácil propor a um congresso, que eles mesmos trataram de desmoralizar, a realização do plebiscito popular.

Faria isso surfando na “bolha econômica mundial” e no clientelismo populista. Assim, a vitória, a exemplo das últimas eleições presidenciais, estaria garantida.

Lula e o PT sabem, sobejamente, que não possuem nomes em condições de fazer o sucessor em 2010, nem na sua base aliada, muito menos nas hostes petistas. E que seria difícil criar um novo ícone com o carisma do Lula.

Por isso mesmo, o presidente já se lança candidato em 2014, na tentativa de manter-se no poder através de alguém que consiga eleger em 2010, o que já se mostra quase impossível.

A bolha do crescimento mundial, que mesmo mal aproveitada pelo Brasil, e que criou a falsa ilusão do nosso crescimento, está chegando ao fim.

Apesar dos discursos ufanistas do governo quanto às nossas reservas monetárias que aparentam solidez, sabem que a desvalorização do dólar em escala mundial está criando uma reserva podre, que não se sustentará no futuro bem próximo da economia mundial.

A iminente derrota do governo no Senado, quanto à prorrogação da CPMF, causa calafrios no Planalto. Sabe que ficará sem recursos adicionais para manter a sua política clientelista, tendo que optar entre ela e o desenvolvimento através dos prometidos e nunca cumpridos PACs.

A derrota nas ambições de Hugo Chávez na Venezuela doeu também nas pretensões de Lula aqui no Brasil e feriu de morte os planos de poder do PT. Começa agora uma nova realidade: a alternância democrática do poder.
Gerson Menezes é publicitário.

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