Anatomia de um discurso

Por Zelão, O Extirpador!

Visto o avental, calço as luvas e, munido das ferramentas necessárias, dou-me à tarefa de fazer um completo exame anatômico sobre o discurso proferido pelo presidente Lula, no Congresso do PT, no último final de semana.

Logo no primeiro corte (cirúrgico) exala um odor fétido, o que me faz lembrar que esqueci de usar a máscara cirúrgica, o que faço de imediato após controlar o vômito. Já com as vísceras expostas, passo aos estudos:

- Quando o presidente Lula vociferou de dedo em riste “ninguém tem mais ética e moral do que o PT”, na verdade (dele), o que queria dizer era o seguinte: Companheiros, segundo a minha canhestra visão da ética, eu sei que somos uma tropa de filhos da p... No entanto, somos éticos em reconhecer o que somos. Quanto à moral, eu aprendi desde pequeno que ela não enche barriga, muito menos nos levaria ao poder.

- Ao afirmar “O PT é o mais ético dos partidos”, disse: Também aprendi desde cedo que verdade cada um tem a sua, os que nos condenam fazem parte “dazelites”, formada pelos banqueiros ingratos que nós ajudamos a ficarem mais ricos nos últimos cinco anos e que antes nos metiam o pé na bunda.

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- Em prosseguimento, o presidente foi mais longe: - “É verdade que podemos ter cometido erros

e os erros cometidos estão sendo apurados como precisam ser apurados, mas ninguém nesse país tem mais autoridade moral, ética e política que o nosso partido”.

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Todos nós sabemos que ao fazer discursos sem ler o que escrevem para ele, o presidente tropeça na sua santa ignorância verbal, e, por isso mesmo, veja o que queria realmente dizer:
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- Companheiros e companheiras, vocês parecem um bando de otários assustados e mais analfabetos do que eu. Quando cunhei o slogan “nunca nesse país...”, foi justamente para determinar tudo o que faríamos. Nada poderia ser igual aos governos passados, nem mesmo o capítulo corrupção que aprendemos com eles e soubemos evoluir.

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- Exaltando pela defesa dos indiciados pelo STF em diversos crimes cometidos, o presidente disse: - “A justiça apenas aceitou a denúncia contra nossos companheiros, mas não os condenou, ainda. Portanto, não somos nós que devemos condená-los”. Ao assim dizer, o presidente deu o recado: - Aqui mesmo entre nós, quem de vocês teria a coragem de atirar a primeira pedra?

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Foram companheiros como o Zé, Genuíno, Silvinho e Delúbio que meteram a mão na merda para garantir os nossos empregos. Por acaso, vocês acham que se não fosse por eles hoje nós estaríamos por cima da carne seca?
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Vocês estão parecendo a safada da dondoca, condenando a filha da empregada, menor de idade, por ter ficado grávida do seu filho. Vocês são os verdadeiros falsos moralistas.

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Foi com o extrato da merda que nós compramos e pagamos as nossas bases de sustentação no Congresso Nacional. Foi com o fruto da inteligência deles que desmoralizamos as duas casas do legislativo e, por isso, quando lançarmos a proposta de fechamento do Senado Federal, ninguém irá chorar. A desmoralização faz parte dos planos traçados pelo companheiro Zé, que foi copiado pelo invejoso Hugo Chávez, de nos perpetuarmos no poder, sem precisar fazer golpe de estado.
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Concluindo o discurso, o presidente disse: - “Não se envergonhem de pertencer ao PT. Ponham a estrela no peito e saiam pelas ruas de cabeça erguida”. Já puto da vida e de saco cheio, o presidente chutou o balde: - “Vocês se lembram de como era antes de termos tomado o poder.

Esqueceram que antes nós só tínhamos o discurso nas portas das fábricas e dos sindicatos?” É fácil vocês esquecerem, agora que nós criamos milhares de cargos comissionados.

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Vocês comeram muito, cresceram a barriga e ficaram preguiçosos. Saiam nas ruas; defendam as boquinhas que ganharam. Saiam de cabeça erguida; nunca nesse país ninguém jamais conseguiu fazer o que estamos fazendo. Não se preocupem que o povão está fazendo três refeições por dia e anda também de barriga cheia e ficou preguiçoso.
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O povão sabe que se reclamar nós criamos trabalho, e isso eles não querem. Vão agora, meus queridos companheiros e companheiras, dêem uma banana a todos os que falarem mal do nosso partido. Lembrem a eles, que quem está por cima é quem mete.

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Ao final do meu trabalho, só me resta desinfetar as mãos, tomar uma pinga “fofa tóba” no boteco da esquina e tentar apagar da memória todo o horror que se descortinou diante dos meus olhos. Dormirei o sono dos justos, na certeza de que pude revelar através da minha “falsa moral” as entranhas do submundo de um governo.

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Zelão, o Falso Moralista