06 novembro 2007

Com que cara a gente fica?

Gerson Menezes

publixcriativo@hotmail.com


Quando a TV Cabrália aqui foi instalada, tinha como slogan “A Cara da gente”, que refletia a disposição do seu fundador o Senador Luiz Viana Filho, em dotar a nossa região de um veículo de comunicação que gerasse, a partir de Itabuna, as verdadeiras imagens e notícias da região sul e sudoeste da Bahia.


Desde a sua aquisição pelo grupo IURD da Igreja Universal, a Cabrália vem passando por um processo de desmonte da sua programação local, culminando agora com a quase extinção da mesma, restando tão somente dois programas locais, o que motivou o fechamento do escritório de Vitória da Conquista e a demissão de lá e daqui de quase oitenta profissionais.


Estranho é ver o quanto nos acostumados a perder. Tenho assistido incrédulo aos depoimentos de autoridades e empresários aplaudindo a transformação da Cabrália de geradora à retransmissora da Record News, sem avaliarem os danos que isto pode causar, a curto e longo prazo, à cultura e à economia regional.


Não escutei uma única voz se manifestar contrária. Parece que o encanto de aparecerem na telinha e darem uma entrevista seja mais importante que manifestar, mesmo no anonimato, o repúdio pela perda regional.


O fato, mesmo sendo uma iniciativa de puro interesse comercial da Igreja Universal, nem por isso deveria deixar de merecer o repúdio da comunidade regional. Mas, ao que me parece, perder, já faz parte do nosso universo e já passamos até a aplaudir.


A realidade fez de Itabuna, que outrora foi à terceira cidade do Estado, ocupar hoje a sétima colocação, enquanto cidades muito mais novas e sem o mesmo potencial econômico e cultural, ocuparem uma melhor condição de desenvolvimento. Com raríssimas vozes se posicionado contrárias a essa involução, o que temos assistido são lamentos tardios, quando nada mais se pode fazer.


É fácil entender o significado de um fato como este, para um povo que vem perdendo a sua identidade ao longo do tempo, quando ter a “cara” desfigurada não deve fazer nenhuma diferença.


Gerson Menezes é publicitário

3 comentários:

Anônimo disse...

Meu amigo Gérson precisa ler mais. Não só o sindicato publicou em vários veículos seu protesto como eu mesmo comentei contra em minha coluna, lamentando o fim da Cabrália como a conhecemos. De resto, está certíssimo: Itabuna se acostumou a perder. Por isso continua elegendo pessoas que só dão prejuízo à cidade.

Anônimo disse...

Gerson Para Marcel Leal:

Caro amigo,

Antes de tudo, é um prazer saber que você está vivo... e bem vivo! (rs).
Peço desculpas por ter omitido o seu protesto que li, mas por ter sido um "grito solitário", quase esqueci.
Lamento sobretudo caro amigo, que instituições como a CDL, ACI e o "Grupo... de Ação Comunitária, Marconaria, Rotary, Lions e outras entidades não tenham se manifestado contrárias ao fato.
Isto só reforça a minha opinião, que por sinal tem me rendido dissabores, de que; dentre os vários fatores de crise que se abateram sobre a nossa região, o mais grave é a "crise de idéias", pois nem mesmo o livre exercício do pensamento construtivo não conseguimos mais elaborar. É triste amigão aos filhos desta terra e aos que ela adotaram como mãe, ver ao ponto mínimo a que fomos reduzidos.

Um grande e saudoso abraço,
do amigo de sempre.

Gerson Menezes

Anônimo disse...

Gerson.
Apenas reforço o que Marcel já afirmou. O Sinjorba emitiu nota para todo o estado da Bahia, criticando a postura da emissora e defendendo a democratização da informação. Em nenhum momento, nós dirigentes, nos omitimos. Sabemos do nosso papel no sentido de promover as mudanças que a sociedade nos cobra. Fiz isso em nome da entidade e em respeito à minha própria história profissional, que se confude com a história da TV Cabrália no sul da Bahia.
Atenciosamente,

Maurício Maron
Diretor Sinjorba