23 outubro 2007

A famigerada turma da cozinha

Ricardo Ribeiro*

Concordo com os que preferem a cozinha, acima de qualquer outro cômodo de uma casa. De fato, é no aconchego da “beira do fogão”, em torno de uma mesa alegre, que todo mundo se sente mais à vontade.

O mesmo não vale, porém, para a cozinha dos políticos, normalmente freqüentada por uma gente de procedência altamente duvidosa. Claro que não são todos os freqüentadores, mas principalmente aqueles que os eleitos levam da cozinha para os gabinetes, alçados que são a aspones ou fiscais ad hoc do que não lhes é da conta.

Muitos os chamam de puxa-sacos, mas eles se definem com frases do tipo: “eu fiz caminhada, subi em poste, arrumei briga e agora tem um monte de gente que pegou carona e tá ganhando mais que eu” ou a tradicional “sou da cozinha do prefeito”. É irritante ver esse espécime em secretarias de prefeituras ou inspecionando obras e até dando esporro em secretário.

A verdade é que não falta quem morra de medo da turma da cozinha. Teme-se sua língua venenosa, sua predisposição para a intriga, seu despeito, falta de caráter e “dedo-durismo”. O que os torna perigosos é o fato de que são ouvidos pelos chefes, aos quais adulam com bajulação e interessada subserviência.

É lamentável como essa turma atrapalha qualquer administração ou mandato legislativo. Separa mais que ajunta, desagrega, desorganiza, desestimula. Enfim, é dessa forma que age a famigerada turma da cozinha. E não tem choque de gestão que sobreviva a praga tão tenaz.

* Jornalista e bacharel em direito

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse pequeno conhece, viu? Quando eu lí esse artigo, um monte de gente me veio à cabeça....especialmente um ser aí que com certeza passou pela sua cabeça ao escrever. Parabéns, mandou bem mais uma vez!!!! Quebra tudo!!! rsss.