Mas eu tou nem aí...
Gustavo Atallah Haun
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal”
Max Gonzaga – Classe Média
A inconstância, o desmando e a incoerência política vividas nas cidades co-irmãs, Itabuna e Ilhéus, demonstram o abismo em que nos metemos. Dois municípios, um originado da saga desbravadora do outro, e talvez por isso mesmo com histórias tão parecidas e tristes, como uma herança maldita passada de pai para filho.
Duas cidades que depuseram os seus mandatários por improbidade, por corrupção, por superfaturamento, enfim, por praticarem a mais sórdida e notável politicalha (como diria Rui Barbosa!) colonial tupiniquim.
Firmes na tradição e nada originais, roubaram, encheram as burras, com o respaldo de uma classe pobre e média que não acordaram para os politiqueiros pseudo-graciosos, carismáticos e demagogos na época das urnas, lobinhos mansos, sedentos para por as manguinhas de fora.
Ilhéus, aqui para nós, sofreu o que já estava prescrito e ninguém prestou atenção, preferiu vender a alma ao diabo: desde o afastamento, logo após a eleição e posse, com o ex-atual-ex-quiçá futuro prefeito “machão”, que subiu em palanque difamando e denegrindo a sexualidade alheia. Lembra? E mesmo assim, como um povo cego e sem razão, votaram nele. O resultado aí está.
Itabuna, por sua vez, para não se sentir rebaixada ou despeitada, empossa o mais corrupto coronel pós-modernos do cacau, pela quarta vez, numa campanha que até cavalgada teve no centro da cidade, como a dizer algo para os eleitores.
Ah, mas esses, leitores esparsos, não entenderam a mensagem subliminar do curral! Isso depois de um governo popular que deu dignidade ao povo, sinalizou toda a área urbana, renovou na educação, deu a melhor assistência médica pública e fez cair os índices de violência da cidade. Resultado? Não precisa nem falar. Tudo o que foi conquistado no governo anterior se deteriorou, piorou ou sumiu!
De quem é a culpa? Se perguntarem ao Max Gonzaga, com certeza ele falará que da classe média, a quem dedicou música homônima: “Mas eu tou nem aí/ se o traficante é quem manda na favela/ eu não tou nem aí/ se morre gente ou tem enchente em Itaquera/ eu quero é que se exploda a periferia toda.”
Para essa gente, política se faz por conveniência do emprego, do bolso, de si mesmo. Não pensam no próximo, não estão nem aí para o pobre miserável que só tinha o SAMU para se deslocar ao posto médico e hoje não tem nada, falta tudo, até gasolina para as ambulâncias!
Essa mesma classe média querendo imitar a classe A, orando em igrejas barrocas e (tele) guiada por mídias descaradas, envereda por caridade e assistencialismo de prato de sopa aos mendigos, como bem denunciado no filme brasileiro “Quanto vale ou é por quilo?” (2005), enquanto embolsa verba pública para suas Ongs fajutas, politiqueiras e distorcidas.
Se assim não faz, inventa caminhadas da “paz” ou põe a culpa no governo, ficando “indignado com o Estado quando sou incomodado pelo pedinte esfomeado que me estende a mão”, como diz a letra de Max, “toda tragédia só me importa quando bate em minha porta”.
Porém, não nos enganemos, tudo o que vivemos é o resultado dessas administrações públicas levianas, demasiadamente levianas, que nasceram assim como o Brasil: falacioso, deturpado e sem memória!
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É bem verdade que uma pouca gente ainda sonha com a decência, com a justiça e com os bons de coração nos postos de comando. É a esperança e a ética que teimam em não morrer, mesmo sabendo da realidade expressa pelo ilustre baiano na sua perfeita afirmação sobre a republiqueta brasileirinha: “A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”
Gustavo Atallah Haun é professor
2 comentários:
Argumentos consistentes que servem para o povo refletir sobre os erros cometidos nas últimas eleições...afinal, tem que se apanhar tanto para aprender??? Será que um bom diálogo não educa um povo??? Parabéns colega pela produção espero que tirem proveito da leitura!!!
Edileide
Zelão Aplaude:
Execelente texto quanto a forma, que peca tão sómente quanto ao conteúdo comparativo. Não existem diferenças substanciais entre os três envolvidos. O que difere são as formas das práticas... dos mesmos crimes ou desmandos.
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