02 outubro 2007

Não mais programas como antigamente

Gerson Menezes


Que tudo evolui no mundo, é sabido. Algumas coisas evoluem para melhor, outras para pior, existem aquelas que são deturpadas e mudam de significado ao longo da evolução.

Fomos buscar como exemplo a palavra “Programa” (do gr. prógramma, pelo lat. programma - fonte Dicionário Aurélio). Significou primeiramente, escrito ou publicação, em que se anunciam e/ou descrevem os pormenores de um espetáculo, festa ou cerimônia, das condições dum concurso. Com a evolução, vieram os outros significados.

Passou a significar também aquilo que, tacitamente ou escrito, significasse um pré-ordenamento de objetivos ou ações. Desta forma, um simples piquenique em família, passou a ser conhecido como programa de domingo. Com a evolução, nasceu a Era da Informática e a organização dos sistemas operacionais dos computadores recebeu o nome de programas.

Na prostituição que, ao lado da política, talvez seja a mais antiga das profissões conhecidas no mundo, a expressão foi tomada para diferenciar as reles prostitutas que “faziam vida” nos prostíbulos, das garotas da também recente classe média das cidades grandes, que nas horas vagas passaram a se prostituir seletivamente. Daí nasceu à expressão Garotas de Programa.

Mesmo na evolução, tem coisas e até mesmo palavras que fazem retorno às suas origens. Assim foi com a palavra “Programa”, que deu origem a compilação das normas, conceitos e regras dos partidos políticos. Esta compilação significava, na origem, o conhecimento prévio ao filiado, dos pensamentos e até dogmas que estavam abraçando e jurando defender. Aí, a palavra, tal qual na prostituição, por necessidade dos interesses dos políticos, ganhou novos sentidos.

Em um dos seus mais recentes discursos, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cunhou a expressão “programáticos”, para explicar o que vulgarmente o povo apelidou de troca-troca de favores - os acordos celebrados com os políticos do nosso parlamento, em troca do apoio aos projetos elaborados pelo governo federal.

Pelo visto, o presidente Lula, mesmo sendo um orgulhoso semi-analfabeto, tem “cabedal lingüístico” para modificar ou cunhar um novo sentido para as palavras, conforme achar conveniente, recomendado que foi em discurso proferido, também recentemente, na Academia Brasileira de Letras, pelo ex-presidente, hoje senador e imortal José Ribamar Sarney, pra escrever um livro e quiçá, após deixar a presidência, fazer parte daquele seleto grupo de intelectuais brasileiros.

Não ousaria afirmar aqui que a prostituição e a política no Brasil caminham juntas em perfeita simbiose de interesses. Mas me dou ao direito também de sugerir o uso de uma velha utilização da palavra programa, que por claramente discriminatória caiu em desuso, ou politicamente incorreta: Programa de Índio. Que significava um programa mal-sucedido.

Gerson Menezes é publicitário e, ultimamente, tem se dedicado a programa de governo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Se for programa de governo de Adervan, Itabuna tá fu......

Anônimo disse...

Amigo, "evoluir pra pior" é de doer na pleura... Não seria mais apropriado escrever "involuir".
E o Lula é que é o semi-analfabeto!

Anônimo disse...

Gerson para pasteli:

Tai companheiro, eu até concordaria com você,se me desse o direito de negar a "evolução". No sentido colocado, reconheço a dita evolução. Julgo no entanto que ela foi para pior.
Quanto ao "semi-analfabetismo sugerido", não me furto do mesmo e até com uma ponta de orgulho, por fazer parte da grande maioria de brasileiros,por poder me igualar com o presidente e assim poder "gozar com a cara" de um "grupelho" que descaradamente tenta se igualar a um pequenino grupo de verdadeiros intelectuais brasileiro conhecedores da língua portuguesa.

Fica o registro agradecido ao seu comentário.

Gerson Menezes