Da água para o óleo
César Borges foi um fruto tardio daquela mania que Antônio Carlos Magalhães tinha de eleger postes. O cacique falou isso quando decidiu levar ao Governo do Estado o hoje senador João Durval, que anda ameaçando se reencontrar com Malvadeza no além. É provável que Chico Pinto, falecido na semana passada, ria muito desse reencontro.
Mas, enfim, voltando ao poste – digo, ao Borges -, não se pode deixar de defini-lo como um político obscuro, sem expressão, que sempre viveu à sombra do cacique e por isso tem hoje dificuldade para enfrentar a luz do sol, que ofusca e cega aqueles que se acostumaram a andar de nariz em pé.
Com a morte de ACM, César Borges se viu desamparado, sem lenço nem documento e – pior – sem colo. Tentou tardiamente redefinir seu espaço no velho Pefelê, hoje DEM, e recebeu um nem te ligo do ex-governador Paulo Souto, que procurou se livrar rapidamente do encosto.
Borges foi abrigar-se no PR, partido que surgiu de um nó entre um pêlo da barba do falecido Enéas Carneiro com um fio da peruca do Bispo Rodrigues. Foi aí que ele se amarrou, mas sem conseguir livrar-se de velhos fantasmas.
O senador ganhou fama pela empáfia e arrogância, sintetizados em uma frase-emblema: “água e óleo não se misturam”.
Borges proferiu aquela pérola durante a campanha eleitoral de 2000, antes da “água” (Fernando Gomes e os carlistas) perder para o “óleo” (Geraldo Simões e um grupo formado por nove partidos progressistas). Para se ver como se enganam os pretensiosos!
O saudoso político Magalhães Pinto, velha raposa do PSD mineiro, costumava dizer uma frase que tinha muito mais a ver com a essência dialética e dinâmica da política. Segundo ele, esta era “como nuvem”, que muda de posição conforme a força e a direção dos ventos.
A afirmação de César Borges foi típica de alguém que não sabe discernir para que lado o vento sopra. Engraçado é vê-lo hoje, saído empanado da fritura do DEM e mergulhado no “óleo” de Jaques Wagner.
Se o velho babalorixá estivesse vivo, entenderia que postes podem até ser eleitos, mas nunca conseguem exercer a arte da política com inteligência e dignidade.
3 comentários:
Meu Amigo Ricardo,
É sempre um prazer ler suas colunas, pontuadas sempre pela coerencia e clareza das idéias.
UM abraço
Me lembro dessa triste pérola do César Borges.
CARO COMPANHEIRO.
Gosto muito de ler suas matérias recheadas de sobriedade e um pitaco de humor, mas, no entanto, não posso concordar com o nobre título dado ao graças a Olorum finado Antônio Carlos Malvadeza de Babalorixá, título esse não dado, nem herdado, mais conseguido após um processo que vai desde a iniciação até no mínimo sete anos de iniciação afro religiosa e somente para aqueles pre destinados a serem babalorixás ou yalorixás.
Um forte abraço e um grande AXÉ.
Valério Bomfim
Associação de Preservação do Patrimônio da Diáspora Africana.
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