05 fevereiro 2008

Dinastia Grapiúna

Allah Góes*

Nas Américas, apenas dois países, México e Brasil, viveram a experiência da monarquia, que é aquele regime de governo onde o poder passa de parente para parente, mesmo que este não tenha nenhuma qualificação ou traquejo para o cargo.

No México, ela durou apenas três anos, período em que o inepto Maximiliano I governou o País até que o povo se encheu de seu despreparo e o fuzilou, experiência bem diferente da brasileira, que durou 67 anos e não teve nenhum de seus imperadores fuzilados.

Mas, mesmo tendo o nosso “ciclo monárquico” se encerrado há quase 120 anos, talvez por saudosismo ou até mesmo por falta do que se fazer, de vez em quando se fala sobre o retorno da monarquia por aqui.

E quando digo aqui, necessariamente não preciso ser genérico e dizer “Brasil”, pois diante dos últimos “lançamentos eleitorais” visando a conquista da Principal Cadeira do Firmino Alves, temos a impressão de que a Corte é aqui mesmo, em nossa Itabuna.

Sim conterrâneos, por nossas plagas estamos assistindo ao possível surgimento de duas Dinastias: A dos Simões, que tem como representante maior D. Geraldo I, que pretende ser “Imperador da Bahia” (ou pelo menos Duque), e que, por conta disto, tenta ungir sua consorte, D. Juçara I, como “mandatrix” de Itabuna.

Do outro lado, temos a Dinastia dos Gomes, que tem em D. Fernando I o seu maior representante, mas que possui outros “nobres”, a exemplo de D. Daniel e D. Dinailton (que bem poderiam ser ungidos à condição de delfim de D. Fernando I), mas que, talvez num lampejo de inveja da posição adotada pela “Casa” dos Simões, agora lança D. Sandra como também candidata a “mandatrix”.

Como se vê, tudo seria hilário, se não fosse a mais pura realidade. Sim, Geraldo Simões, com medo de deixar de ser secretário e ter que arcar com a disputa de uma eleição sem seu principal antagonista (e que poderia custar o seu atual patrimônio político), está lançando, com o dito aval do governador do Estado, a sua esposa como candidata à prefeita.

E Fernando Gomes, para não ficar atrás, vislumbrando a perda de prestígio político por não sair candidato, arruma também uma solução caseira, e lança sua companheira como forma de se manter vivo no jogo político grapiúna.

Agora, eu lhes pergunto: tudo bem pra eles, que conseguem se manter vivos no jogo político (e poderão barganhar alguma coisinha com isto), mas e quanto a nós? O que ganhamos com a manutenção das “Casas Reais” Simões e Gomes?

Nada, esta é a resposta mais apropriada, pois se com os titulares das “Casas Reais”, as administrações que assistimos aqui em Itabuna já não foram lá essa coisa toda, imagine se a entregarmos a quem não tem o menor preparo, tanto político como técnico/administrativo, e que tem apenas como credencial o fato de ser casada com o “Rei”. Imaginou? O que se verá, com toda a certeza, será o caos, como se viu na Ilhéus de Valderico.

Claro que precisamos mudar, mas mudar observando um novo projeto administrativo, não apenas mudar o nome do candidato e continuar com o mesmo fracassado e antigo projeto. Precisamos arejar as idéias, precisamos construir de fato uma nova Itabuna para um novo milênio e isto, como toda a certeza, não será possível mantendo-se as mesmas “Casas Reais” de sempre.

Allah Góes é Advogado Municipalista, Consultor de Prefeituras e Câmaras, Consultor Nacional da ABRACAM – Associação Brasileira de Câmaras Municipais, Especialista em Direito Eleitoral, Membro da Comissão do Advogado Iniciante da OAB-BA. E-Mail allah_goes@hotmail.com


5 comentários:

Anônimo disse...

Tornou-se um hábito para mim ler este blog diariamente e tenho grande satisfação em constatar que este espaço constitui-se em verdadeira tribuna livre. Não vejo aqui partidarismos nem defesas de lado A ou B. A crítica é aberta e a essência é democrática.
O Pimenta realmente veio preencher um espaço importante em nossa "imprensa" (se é que podemos chamar internet de imprensa). Estamos cansados da imprensa marrom, que fala bem de quem paga mais. O jornalismo imparcial ajuda a consolidar a democracia e a fortalecer a cidadania.
PARABÉNS!

Ricardo Ribeiro disse...

Obrigado, Walmir. Para nós, a imprensa tem que ser realmente livre para cumprir de forma isenta o seu papel, que é estar do lado da sociedade. Se não for assim, não há o menor sentido em se fazer jornalismo, sob pena de apenas servirmos para perpetuar os vícios de sempre. Continuamos no nosso caminho, com independência, ainda que alguns observadores de juízo fraco e formação precária nos atribuam rótulos equivocados, como o de "vermelhinhos".

Anônimo disse...

Itabuna está sobre o poder de duas correntes dinásticas: O Fernandismo e o Pedismo.

Anônimo disse...

Ô seu Pimenta pôrque vocês não divulgam as manobras "Stalinistas" da turma de Joaquim?
Não deixe-nos com pulgas atrás da orelha, acreditamos nessa imparcialidade citada pelo amigo acima Waldir Ribeiro.
Porquê o site da UESC está fora do ar?
Joaquim ficou Vermelho com a entrevista dos Vermelhos?

A Porta do Reino disse...

Ô Walmir Ribeiro, sua observação me deixou contristado. Infelizmente,como dizia o velho Assis Chateaubriand, "quem quer ter opinião, compra seu jornal".Em Itabuna,poucos de nós, jornalistas,radialistas e aparentados, temos condições de "botar a boca no trombone, livremente". Será que realmente tem alguém por aquí, que tenha total liberdade? Dependemos do humor do dono da "midia"e de seus interesses políticos/econômicos. Ando desconfiado que o site 'pimentanamuqueca", está sendo muito milagre para pouco santo.
Gonzalez Pereira, em um momento de completa sinceridade.