Política sem preconceito (mas nem tanto)
Um animado almoço, na semana passada, reuniu os adversários políticos Raimundo Varela e Antônio Imbassahy, ambos candidatos a prefeito de Salvador. O encontro foi festejado como símbolo de um novo momento político na Bahia, em que o confronto político é civilizado e não há barreiras intransponíveis entre os contrários.
Durante o longo e sombrio reinado de ACM, existia uma espécie de apartheid político, que após a morte do cacique foi substituído por um mosaico, mais democrático, alegre e interessante. Quase todos dialogam ou, pelo menos, cumprimentam-se. Melhor assim.
A abertura permite alianças que antes eram improváveis. Por exemplo, em 2004, quando pertencia ao PRP, o Capitão Fábio ensaiou uma composição com Geraldo Simões (PT) em Itabuna. A intervenção do ex-governador Paulo Souto manteve o milico na área de influência carlista e o seu apoio ficou com o atual prefeito Fernando Gomes.
Com a eleição de Wagner, Fábio migrou para o PMDB, partido que compõe a base de sustentação do governo. O capitão sabe que essa opção significa estar sujeito às decisões do grupo, ainda que confrontem projetos pessoais. E a possibilidade de uma aliança entre PT e PMDB em Salvador, com o apoio a João Henrique, tornará bastante provável a retribuição peemedebista em cidades de grande porte no interior.
Wagner não cansa de repetir sua preferência por candidaturas que preservem a unidade da base. Falou muito sobre isso em Ilhéus, na semana passada, sempre que era questionado sobre a sucessão nos municípios.
Entre os que acompanharam o governador na "Terra da Gabriela", estavam a deputada estadual Ângela Sousa e seu filho Mário Alexandre (pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo
PSDB), Ruy Carvalho (pré-candidato pelo PT), Newton Lima (PSB), Antônio Carlos Rabat (PMDB) e Jabes Ribeiro (PP). Todos integrantes da base de apoio que o governador deseja preservar unida.
Também na semana passada, o grupo da deputada Ângela Sousa se reuniu com o prefeito Newton Lima, o que foi precocemente comemorado pelos palacianos, quase como um sinal de aliança irreversível. Ora, na sexta-feira, 15, a parlamentar fez questão de prestigiar a posse de Elieser Correia na presidência do PT de Ilhéus. Natural e democraticamente.
Existe um acordo tácito, estimulado pelo governador, pelo qual os partidos que integram a sua base em Ilhéus deverão unir-se em torno da candidatura que estiver melhor posicionada. O PSDB poderá ser cabeça de chapa, assim como apoiar o PT ou PSB, e vice-versa. Tudo a depender da vox populi, ou voz do povo.
Há, porém, um empecilho, um nó, um entrave, uma ala que compromete a harmonia e o enredo dessa "escola". E a pedra no meio do caminho atende pelo nome de Jabes Ribeiro, ex-prefeito que governou Ilhéus em três oportunidades e que enfrenta resistências fortes tanto no PT, como no PSC e no PSDB.
Aquela história de que todo mundo pode apoiar todo mundo poderá ser contada de maneira diferente caso, por hipótese, JR venha a se encontrar na dianteira das pesquisas na hora de se bater o martelo. Até mesmo os mais ardorosos defensores da unidade afirmam que esse seria um prato bastante difícil de ser digerido.
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