23 outubro 2007

E eles ainda disseram sim

Karol Vital

Visualizem uma cerimônia de casamento: igreja ornamentada, noivo ansioso, música suave, pais orgulhosos, uma noiva enfeitada e emocionada. Nada de mais, não é? Mas o que se espera do celebrante? Palavras de incentivo, bênçãos e votos de felicidade perpétua, certo? Pois é, não foi bem isto o que eu presenciei.

Há alguns dias fui convidada para um casamento. Não sou daquelas que se debulham em lágrimas, mas é sempre bom estar entre pessoas felizes, comemorando uma união a qual se espera durar “até que a morte os separe”. Mas parecia que o padre não concordava muito com este conceito de alegria, fazendo considerações totalmente inversas ao imaginável.

O sacerdote não conteve suas piadas machistas e superficiais a respeito do matrimônio e até disse que preferia estar entre os seus livros que casado. Começou a cerimônia com a seguinte anedota: “Sabiam que a visão do homem vai diminuindo depois dos vinte anos? É para não ver a mulher envelhecendo”. Alguns homens riram, as mulheres nem tanto. Já os noivos, espero não terem absorvido esta tolice, uma vez que o líder espiritual estava ali para dar as últimas orientações para o sucesso do enlace.

Após uma série de comentários indelicados, o padre deu sua dica básica para o sucesso de qualquer casamento: “Ir à missa todos os domingos”. Se for uma celebrada por ele, aí é que a união afunda de vez! Imaginem cada domingo ouvir um: “nossa, sua mulher está um caco” ou “como está suportando esta menina feia?”.

Por mais que seja brincadeira (de gosto duvidoso), considero que existam palavras mais adequadas para um momento tão único e solene. O casamento é um mandamento divino. Está em Gênesis 2: 24: “É por isso que o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa”.

Talvez o padre não soubesse que, além de ser um mandamento de Deus, há mais bênçãos no casamento do que apenas ter filhos. Como ele poderia saber o que é escolher alguém para se unir e virar um único ser? Como um cara que nunca casou vai saber o que é dormir aninhado, acordar sabendo que tem do seu lado uma pessoa que estará contigo em qualquer luta? Como ele poderia falar sobre paciência, companheirismo, altruísmo e sexo? Ora, é preciso ter satisfação em todas as áreas! Mas, como esperar conselhos matrimoniais daquele que diz preferir seus livros?

A maioria das palavras de bênçãos proferidas durante o casamento foi lida, quase de maneira atropelada. O padre balbuciou o que estava escrito no seu “manual” e encerrou a cerimônia sem deixar uma mensagem espontânea positiva. Passou apenas o básico: amar e respeitar até que a morte os separe.

E, depois disso tudo, os noivos ainda disseram sim.

Karol Vital é comunicóloga.

5 comentários:

Bel disse...

Menina, disse tuuuuuuudo!!!
E eles são realmente corajosos, em ainda dizer "sim"...


Beijo!!!

Anônimo disse...

Zelão Pra Menina Karol:


Ocê não devia se assustar.Vai ver que o "padreco gay" tava era com ciumes da noiva.
Dá o nome da "bichinha oficializante". Só pode ser o padre Osmar.

KKKKKKKKK

Anônimo disse...

Karolzinha, vc se supera a cada artigo...adorei esse...e o pior é que ainda existem líderes espirituais como esse, que da Bíblia não usam nada. É uma pena,né? Mas a sorte é que existem outros muito bons, e desses sim, devemos nos aproximar. Bom, mas só passei aqui mesmo pra deixar mais uma vez meus parabéns, vc tá arrasando!!! Que orgulho de ser sua amiga!!! rs bjos

Anônimo disse...

Que nada Zelão, é porque você não conhece o padre Calazans... Isso tem a cara dele, tenho certeza!!!!

Anônimo disse...

Zelão errou... É o Frei Renato Fazi.